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Depressão

A depressão enquanto transtorno mental começou a ganhar evidência pós crise de 29 e foi impulsionada pós ascensão do neoliberalismo. Em termos mais próximos da psiquiatria. Depressão envolve anedonia. A incapacidade, amortecimento, neutralização da nossa experiência de prazer. Um sujeito depressivo perde a graça, a sua relação com o desejo. Há uma impossibilidade que o sujeito experimenta diante da vida, diante do seu desejo. A depressão envolve também sintomas corporais, como insônia, aumento ou perda de apetite, sentimento de cansaço, dores no corpo, humor irritativo.

 

Nem sempre é possível associar a depressão a tristeza, existem casos em que a pessoa se auto acelera para evitar o encontro com o vazio. Nos tempos atuais, parece haver um enfoque naquilo que seria “sintomático”, no que as pessoas sentem, e pouco se atenta para a causa, inclusive, quando se fala de depressão. A psicanálise aceita a questão da depressão enquanto fenômeno químico, não faz essa distinção entre subjetividade e questões “cerebrais”.  

 

Contudo, não vai na linha da depressão enquanto algo semelhante a diabetes, em que se toma algo para o resto da vida e que mantém a glicemia “na linha”. Como se a questão da depressão não tivesse relação com a forma como se relaciona, trabalha, deseja, fala.   Aliás, a depressão congrega fenômenos e etiologias diversos, como trauma, luto, recalque, fobias, situações de dissociação, psicose. Em Lacan pode ser entendida como sintoma não presente, sintoma que deixa um rastro.

 

Em Freud, enquanto inibição, algo que o sintoma que não dá conta – lembrando que no sentido clássico, sintoma seria algo que deriva de um conflito. Maria Rita Kehl, fala de dobradura no tempo. De modos de criação, aceleração, que impactariam a relação com a falta. Hodiernamente, antes que a falta se constitua e que se tenha uma dialética entre desejo e demanda, se tem a oferta.  

 

A oferta antecipada tem a ver com o ritmo de troca da falta, Segundo Dunker, lembra mecanismo de consumo. A mãe do futuro depressivo é aquela que não espera a falta e antes oferece. O sujeito seria aquele que antes de entrar na dialética com o desejo e a demanda do outro, renuncia, renuncia o conflito - mudando o destino do afeto - como uma espécie de “defesa” pré conflito (sintoma), defesa por inibição.

 

Em resumo, em psicanálise, diante do conflito o sujeito depressivo transforma seu eu, se inibe. Seria uma maneira de lidar com o mundo não fixando em conflitos, mas inibindo, intensificando, se adaptando ou mudando sua paisagem mental ou aquela que se pode comprar.

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